terça-feira, 14 de março de 2017

Rei saudita cancela visita ao Líbano após pronunciamento do presidente sobre o Hezbollah



No último 6 de março de 2017, o Rei saudita, Salman Bin Abdul Aziz Al Saud, cancelou sua visita programada ao Líbano, em virtude de declarações feitas pelo Presidente libanês, Michel Aoun, com respeito ao Hezbollah. Em fevereiro, Aoun fez referência às armas do grupo como complementares as do Exército nacional do país e apoiou o direito da milícia de possuir armas ao lado das Forças Armadas Libanesas (LAF, na sigla em inglês).
O reforço de Aoun ao seu já antigo apoio ao Hezbollah eleva a preocupação dos sauditas, que se opõem ao partido e ao seu envolvimento na guerra síria. O Hezbollah é um feroz crítico da campanha militar do Conselho Cooperativo do Golfo, liderado pela Arábia Saudita, contra os houthis no Yemen, além de acusar o país de financiar grupos jihadistas na Síria. No último mês (fevereiro), Nasrallah também acusou alguns países árabes do Golfo de normalizarem secretamente suas relações com Israel.
O Monarca saudita teria decidido cancelar sua viagem ao Líbano depois de perceber que a eleição de Aoun “não foi capaz de conter o chefe do Hezbollah”, Hassan Nasrallah, que recentemente renovou suas críticas ao seu Reino. Conforme reportaram os jornais libaneses Kataeb e An-Nahar, o ressentimento saudita foi exacerbado pela proposta oficial libanesa de levantar a suspensão do regime sírio da Liga Árabe.
De acordo com o reportado pelo Naharnet, o Rei tinha planos de visitar o Líbano em março para “interpretar o desejo da liderança saudita em ajudar o Estado libanês e encorajá-lo a cumprir com suas obrigações árabes e internacionais e saudar o acordo que acabou com o vácuo presidencial”, graças a eleição de Michel Aoun. Fontes sauditas disseram que a visita deveria dar ao Líbano “um forte impulso moral e político do Reino e dos Estados do Golfo e abrir as portas para o regresso incondicional dos turistas árabes e do Golfo a Beirute, acompanhado de um apoio econômico tangível para o Estado libanês”, informou o Gulf News.
Semanas antes da vinda de Salman Bin Abdul Aziz Al Saud, em entrevista a CBC do Egito, durante sua visita ao Cairo, em 12 de fevereiro de 2017, Aoun afirmou que “enquanto Israel continuar a ocupar terras, cobiçando inclusive recursos naturais libaneses, e o exército libanês não for forte o suficiente para resistir ao país, sentimos a necessidade de ter o exército de resistência como complemento das ações do exército libanês”. Segundo o presidente Aoun, se não fosse pela pressão da resistência, Israel não teria se retirado da maior parte do território libanês, escreveu o Al-Manar.
Ele disse ainda que “os braços da resistência não são contrários ao projeto do Estado; caso contrário, não teríamos tolerado. É uma parte essencial da defesa do Líbano”. Conforme reportou o Al-Monitor, a declaração de Aoun provocou fortes reações por parte das Nações Unidas, da Coalizão oposicionista “14 de Março” e do “Movimento Futuro”, liderado pelo primeiro-ministro libanês Saad Hariri. A oposição acredita que as atividades do grupo, apoiadas pelo Irã, contribuem para a desestabilização da região.
Conforme aponta Haytham Mouzahem, do Al Monitor, o discurso representaria importantes mudanças nas orientações de Aoun, que também convocou o presidente sírio Bashar al-Assad, em 3 de fevereiro, para a reconciliação, pois ele representa legitimidade na Síria e o combate ao terrorismo, além da necessidade do regresso dos refugiados sírios atualmente no país.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.