quarta-feira, 16 de novembro de 2016

VÍDEO: Jornalista russo é morto por sniper na Síria


Um jornalista membro da Agência ANNA News foi morto por um sniper enquanto trafegava por uma estrada, o jornalista que estava como motorista foi atingido na cabeça.
ANNA News é a única imprensa internacional que filma no lado Pró-Assad.

ASSISTA AO VÍDEO:


terça-feira, 15 de novembro de 2016

Como poderá ficar a Síria com Trump na presidência dos EUA?


Quem Assad preferia, Hillary ou Trump?
Seria ruim para Bashar al Assad caso Hillary Clinton fosse eleita presidente. Com Donald Trump na Casa Branca, o cenário é um pouco mais complexo e talvez o líder sírio seja beneficiado pela eleição do republicano. Tanto que alguns de seus assessores celebraram a vitória dele. Ainda assim, o regime sírio deveria manter a cautela.

Qual a estratégia de Trump para a Síria na campanha?
Ao longo da campanha, Trump deu indicações de que não tem intenção de mudar o regime em Damasco. Inclusive, o futuro presidente avalia que Assad, apoiado pela Rússia, pode ser um aliado na luta contra o terrorismo. O republicano, com razão, alertou para os fracassos nas mudanças de regime levadas adiante por seus antecessores Bush, no Iraque, e Obama, na Líbia. Na visão de Trump, o Grupo Estado Islâmico, também conhecido como ISIS ou Daesh, e outros grupos rebeldes anti-Assad, como o Jeish al Islam (Exército do Islã) e a Frente de Conquista do Levante (antiga Frente Nusrah, ou Al Qaeda da Síria) são as maiores ameaças.

Qual a estratégia de Obama?
A estratégia de Obama de a CIA armar grupos rebeldes supostamente moderados seria suspensa. Já as milícias curdas talvez sigam sendo armadas, dependendo de como Trump se posicionará em relação à Turquia – será tema de outro post ainda nesta semana.

Por que Trump não quer bater de frente com Assad?
O presidente eleito, portanto, segue uma visão similar a alguns analistas que acompanham a Síria. Eu estou entre eles, embora me posicionasse contra Trump na eleição por questões não relacionadas à Síria. Também avalio, como o republicano, que Assad não deva ser o alvo neste momento. Sim, o líder sírio cometeu crimes contra a humanidade, segundo a ONU. Mas não há uma alternativa para removê-lo do poder sem aprofundar a Síria ainda mais no caos. Afinal, com todos os seus defeitos, Assad mantém a estabilidade nos principais centros urbanos da Síria. Já pensaram se a guerra chegar ao centro de Damasco? Seriam mais milhões de refugiados e a capital síria, quase intacta atualmente, a não ser pelos subúrbios, poderia virar uma nova Aleppo.

Qual era a estratégia de Hillary?
Hillary defendia o estabelecimento de uma zona de exclusão aérea na Síria. Eesta talvez fosse uma alternativa razoável para quando a democrata ocupava o cargo de secretária de Estado, no começo da guerra, não agora. O conflito mudou nestes quatro anos. O que Hillary faria se um avião russo sobrevoasse esta zona? Iria abatê-lo, provocando uma escalada militar? O custo é enorme. Hillary também mantinha a intenção de bater de frente com Assad. Os EUA seriam sugados para o conflito sírio neste caso.

O vice Pence e outros republicanos discordam de Trump?
O problema é que Trump talvez seja convencido a mudar de postura. Seu candidato a vice, Mike Pence, propôs, no debate dos candidatos a vice, uma estratégia quase idêntica à de Hillary. Dentro do Partido Republicano, ainda há muitos intervencionistas que pressionarão Trump a se envolver mais no conflito sírio. Algumas nações, como a Arábia Saudita e talvez a Turquia, também tentarão convencer o futuro presidente a endurecer com Assad. Por outro lado, Sissi, do Egito, e Putin, na Rússia, atuarão de forma oposta, com o objetivo de convencer Trump a manter o foco apenas no ISIS. Israel terá outras prioridades (tema de outro post). E pesará muito a questão do Irã – será tema de outro post.

Com a vitória de Trump, e toda a glorificação que ele está recebendo, não podemos esquecer os ''podres'' dos EUA, e que qualquer líder que está no controle de um dos países mais importantes do Sionismo tem que ser questionado.  


terça-feira, 1 de novembro de 2016

Iraquiana sequestrada pelo Estado Islâmico foi vítima de "jihad sexual"



As iraquianas Nadia Murad Basee e Lamiya Aji Bashar foram algumas das centenas de mulheres escravizadas pelo grupo autodenominado Estado Islâmico.
Uma vez libertadas, elas se tornaram porta-vozes das vítimas da campanha de violência sexual empreendida pelos extremistas.
Na semana passada, Nadia e Lamiya receberam da União Europeia o importante prêmio Sájarov à Liberdade de Consciência.
Quando integrantes do grupo autodenominado Estado Islâmico (EI) invadiram a aldeia de Nadia Murad no Iraque, mataram todos os homens, incluindo seis de seus irmãos.
Nadia é da minoria étnica e religiosa yazidi, considerada "infiel" pelos extremistas do EI.
Ela e centenas de outras mulheres yazidis foram sequestradas, vendidas e passadas de mão em mão por homens que as estupraram em grupo. Foram vítimas do que o EI chama de "jihad sexual".
Nadia conseguiu fugir, mas acredita-se que milhares de mulheres continuem presas.
Nadia Murad está em Londres em campanha para chamar a atenção para seu povo.
O ataque
Em 3 de agosto de 2014, o EI atacou os yazidis em Sinjar, região no norte do Iraque próxima a uma montanha de mesmo nome. Antes disso haviam atacado locais como Tal Afar, Mosul e outras comunidades xiitas e cristãs, forçando a saída dos moradores.
"A vida em nosso vilarejo era muito feliz, muito simples. Como em outros vilarejos, as pessoas não viviam em palácios. Nossas casas eram simples, de barro, mas levávamos uma vida feliz, sem problemas. Não incomodávamos os outros e tínhamos boas relações com todos", contou Nadia ao programa HARDtalk da BBC.
Nesse dia, diz ela, 3 mil homens, idosos, crianças e deficientes foram massacrados pelo EI.
Alguns conseguiram fugir e se refugiar no monte Sinjar, mas a aldeia estava longe da montanha e o EI cercou as saídas.
Perseguidos pelo EI, os yazidis reverenciam a Bíblia e o Alcorão, mas grande parte de sua tradição é oral
"Rodearam a aldeia por alguns dias mas não entraram. Tentamos pedir ajuda por telefone e outros meios. Sabíamos que algo horrível iria acontecer. Mas a ajuda não chegou, nem do Iraque nem de outras partes."
Depois de alguns dias, o EI encurralou os moradores na escola da aldeia e ali seus militantes mantiveram homens, mulheres e crianças.
"Deram-nos duas opções: a conversão ao Islã ou a morte", disse Nadia.
Assassinatos, sequestros e estupros
Logo separaram os homens, cerca de 700. Levaram todos para fora da aldeia e começaram a baleá-los. Nove irmãos de Nadia estavam entre eles.
Seis dos irmãos de Nadia morreram ─ três ficaram feridos mas escaparam.
"Da janela da escola podíamos ver os homens sendo baleados. Não vi meus irmãos sendo atingidos. Até hoje não pude voltar à aldeia nem ao local da matança. Não há notícias de nenhum dos homens."
Segundo Nadia, meninas acima de nove anos e meninos acima de quatro anos foram levados a campos de treinamento.
"Depois levaram umas 80 mulheres, todas acima de 45 anos, incluindo minha mãe. Uns diziam que haviam sido mortas, outros que não. Mas quando parte de Sinjar foi liberada encontrou-se uma vala comum com seus corpos", conta.
Ao todo, 18 membros da família de Nadia morreram ou estão desaparecidos.
Nadia foi levada com outras mulheres. Havia cerca de 150 meninas no grupo, incluindo três sobrinhas dela.
Elas foram divididas em grupos e levadas em ônibus até Mosul.
"No caminho eles tocavam nossos seios e esfregavam as barbas em nossos rostos. Não sabíamos se iam nos matar nem o que fariam conosco. Percebemos que nada de bom iria ocorrer porque já tinham matado os homens e as mulheres mais velhas, e sequestrado os meninos."
Ao chegar ao quartel-general do EI em Mosul, encontraram muitas jovens, mulheres e meninas, todas yazidis. Tinham sido sequestradas em outras aldeias no dia anterior.
A cada hora, homens do EI chegavam e escolhiam algumas meninas. Elas eram levadas, estupradas e devolvidas.
Nadia percebeu que esse também seria seu destino.
Após fugir com ajuda de uma família muçulmana sem conexão com o EI, Nadia viaja o mundo chamando a atenção para o drama do povo yazidi.