terça-feira, 15 de novembro de 2016

Como poderá ficar a Síria com Trump na presidência dos EUA?


Quem Assad preferia, Hillary ou Trump?
Seria ruim para Bashar al Assad caso Hillary Clinton fosse eleita presidente. Com Donald Trump na Casa Branca, o cenário é um pouco mais complexo e talvez o líder sírio seja beneficiado pela eleição do republicano. Tanto que alguns de seus assessores celebraram a vitória dele. Ainda assim, o regime sírio deveria manter a cautela.

Qual a estratégia de Trump para a Síria na campanha?
Ao longo da campanha, Trump deu indicações de que não tem intenção de mudar o regime em Damasco. Inclusive, o futuro presidente avalia que Assad, apoiado pela Rússia, pode ser um aliado na luta contra o terrorismo. O republicano, com razão, alertou para os fracassos nas mudanças de regime levadas adiante por seus antecessores Bush, no Iraque, e Obama, na Líbia. Na visão de Trump, o Grupo Estado Islâmico, também conhecido como ISIS ou Daesh, e outros grupos rebeldes anti-Assad, como o Jeish al Islam (Exército do Islã) e a Frente de Conquista do Levante (antiga Frente Nusrah, ou Al Qaeda da Síria) são as maiores ameaças.

Qual a estratégia de Obama?
A estratégia de Obama de a CIA armar grupos rebeldes supostamente moderados seria suspensa. Já as milícias curdas talvez sigam sendo armadas, dependendo de como Trump se posicionará em relação à Turquia – será tema de outro post ainda nesta semana.

Por que Trump não quer bater de frente com Assad?
O presidente eleito, portanto, segue uma visão similar a alguns analistas que acompanham a Síria. Eu estou entre eles, embora me posicionasse contra Trump na eleição por questões não relacionadas à Síria. Também avalio, como o republicano, que Assad não deva ser o alvo neste momento. Sim, o líder sírio cometeu crimes contra a humanidade, segundo a ONU. Mas não há uma alternativa para removê-lo do poder sem aprofundar a Síria ainda mais no caos. Afinal, com todos os seus defeitos, Assad mantém a estabilidade nos principais centros urbanos da Síria. Já pensaram se a guerra chegar ao centro de Damasco? Seriam mais milhões de refugiados e a capital síria, quase intacta atualmente, a não ser pelos subúrbios, poderia virar uma nova Aleppo.

Qual era a estratégia de Hillary?
Hillary defendia o estabelecimento de uma zona de exclusão aérea na Síria. Eesta talvez fosse uma alternativa razoável para quando a democrata ocupava o cargo de secretária de Estado, no começo da guerra, não agora. O conflito mudou nestes quatro anos. O que Hillary faria se um avião russo sobrevoasse esta zona? Iria abatê-lo, provocando uma escalada militar? O custo é enorme. Hillary também mantinha a intenção de bater de frente com Assad. Os EUA seriam sugados para o conflito sírio neste caso.

O vice Pence e outros republicanos discordam de Trump?
O problema é que Trump talvez seja convencido a mudar de postura. Seu candidato a vice, Mike Pence, propôs, no debate dos candidatos a vice, uma estratégia quase idêntica à de Hillary. Dentro do Partido Republicano, ainda há muitos intervencionistas que pressionarão Trump a se envolver mais no conflito sírio. Algumas nações, como a Arábia Saudita e talvez a Turquia, também tentarão convencer o futuro presidente a endurecer com Assad. Por outro lado, Sissi, do Egito, e Putin, na Rússia, atuarão de forma oposta, com o objetivo de convencer Trump a manter o foco apenas no ISIS. Israel terá outras prioridades (tema de outro post). E pesará muito a questão do Irã – será tema de outro post.

Com a vitória de Trump, e toda a glorificação que ele está recebendo, não podemos esquecer os ''podres'' dos EUA, e que qualquer líder que está no controle de um dos países mais importantes do Sionismo tem que ser questionado.  


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